Tudo passa e tudo fica, porém o nosso é passar, passar fazendo caminhos, caminhos por sobre o mar. Nunca persegui a glória, e nem deixar na memória dos homens minha canção; eu amo os mundos sutis, diáfanos e gentis, como bolhas de sabão. Gosto de vê-los pintar-sede sol e renda, voar sob um céu azul, tremer subitamente e quebrar-se...Nunca persegui a glória. Peregrino, são teus passos o caminho e nada mais; peregrino, não há caminhos os fazemos ao andar. Ao andar se faz caminhos e ao se olhar para trás vê-se a trilha que nunca se vai voltar a pisar. Peregrino, não há caminhos somente estrelas no mar. Há algum tempo aqui neste lugar onde hoje os bosques têm espinhos ouviu-se a voz de um poeta a gritar“Caminante, no hay camino, se hace camino al andar...” Susto a susto, verso a verso...Morreu o poeta longe do lar. Cobre-o o pó de um país vizinho. Ao distanciar-se o viram chorar. "Caminante, no hay camino, se hace camino al andar..." Susto a susto, verso a verso... Quando o pintassilgo não pode cantar. Quando o poeta é um peregrino, quando de nada adianta rezar. "Caminante, no hay camino, se hace camino al andar... "Susto a susto, verso a verso.
(Poema de Antonio Machado)Tradução livre de Josefina Neves Mello
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